NOSSA SENHORA DA ESCADA
Um artigo que li na revista SÁBADO, de 26 do corrente, constava uma descrição acerca de fenómeno natural para a qual todos devemos estar preparados, pois de um momento para o outro pode repetir-se de novo a catástrofe. Abria assim: "Fala-se pouco dele, mas matou 30 mil pessoas na região de Lisboa. Devastou aldeias inteiras e destruiu parte de Vila Franca de Xira. Houve estragos substanciais em Santarém, Azambuja, Almeirim e até em Coimbra. O terramoto de 26 de Janeiro de 1531, há exactamente 481 anos, teve epicentro no vale inferior do Tejo, entre Santarém e Vila Franca, mas chegou a Lisboa com grande violência". Cerca de 224 anos depois outro terramoto semelhante se abateu sobre o território lusitano, também com grande incidência na região de Lisboa, este o de 1755. É deste que toda a gente ouve falar porque a ele anda associado o nome de um político que tinha tanto de inteligente, como de cruel: Marquês de Pombal. Isto para dizer que Portugal tem exemplos de sobra para estar precavido contra este tipo de fenomenologia cíclica, e se não está é porque assim quer. Que o próximo vai matar mais que todos os anteriores é quase certinho, e com tantos caixotes de cimento rara será a vila e cidade que não sofra os efeitos dessa força bruta da natureza.
Desconhece-se qual a magnitude do sismo de 1531, mas crê-se que perto dos 7,5 na escala de Richter, portanto inferior aos 8,7 a 9 do terramoto de 1755. Porém quanto a vitimas o numero foi semelhante, ou superior, lê-se. Mas para além de me fazer pensar que de 250 em 250 anos um terramoto costuma dizimar Lisboa, o artigo deu-me a chave para eu perceber a origem do designativo dado a uma imagem muito cultuada na igreja de São Domingos (à baixa) que tendo pertencido a uma antiga capela vizinha de São Domingos era por certo a que aqui aparece citada, deste modo: "Fez ruir 1500 casas em Lisboa e devastou igrejas como a de Nossa Senhora da Escada". Isto no reinado de D.João III (1502 - 1557).